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Fundamentos
da Tomada de Decisão
A tomada de decisões está
diretamente ligada ao trabalho de um administrador, e essas tomadas de decisões
podem ter um impacto muito significativo dentro das organizações. Por isso ela
tem se firmado como disciplina própria dentro do campo de administração, sendo
desenvolvidas técnicas e ferramentas para auxiliar os administradores a
melhorar a qualidade de decisões e a evitar erros no julgamento gerencial.
De fato, embora tudo aquilo
que um administrador faz envolva a tomada de decisões, isso não significa que
todas as decisões sejam complexas e demoradas. Naturalmente, as decisões
estratégicas têm mais visibilidade, mas os administradores tomam muitas
pequenas decisões todos os dias. Aliás, quase sempre, as decisões gerenciais
são de rotina. No entanto, é o conjunto dessas decisões que permite à
organização resolver os problemas, aproveitar as oportunidades e, com isso,
alcançar seus objetivos.
O ambiente da tomada de decisão
Os administradores têm de
calcular e gerir os riscos e as probabilidades que acompanham suas decisões.
Entretanto, por mais sofisticadas que sejam as ferramentas de apoio à tomada de
decisão utilizada, a imprevisibilidade está quase sempre presente no processo
decisório. Por esse motivo, cada situação de decisão pode ser organizada em uma
escala que vai da completa certeza à completa incerteza de acordo com a
disponibilidade de informação sobre cada alternativa e seus resultados.
Certeza: é a
situação em que o administrador dispõe de todas as informações – confiáveis e
precisas – necessárias para a tomada de decisão, no entanto, poucas decisões
gerenciais são tomadas com completa certeza;
Risco: é a
situação na qual não é possível prever com certeza qual o resultado associado a
cada alternativa, mas há uma probabilidade calculada de determinado resultado
venha acontecer; ex.: exploração de petróleo;
Incerteza: é a
situação na qual a informação sobre as alternativas e as consequências é
incompleta.
Dependendo da natureza da situação,
o administrador deve usar tipos de decisões diferentes, que são verificadas
como decisões programadas e decisões não programadas.
Tipos de decisões
As decisões programadas são soluções para situações repetitivas e
estruturadas, determinadas por abordagens específicas para as quais a
organização já desenvolveu mecanismos de atuação e controle.
As decisões não programadas são soluções específicas para resolver
situações desestruturadas e pouco frequentes, para as quais a informação é
incompleta e ambígua.
Muitas decisões situam-se
entre os esses dois extremos. Evidentemente, quanto mais programadas forem as
decisões, melhor.
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O
Processo Decisório
O processo de tomada de
decisão é constituído por seis etapas sequenciais. Esse processo começa com a identificação
e o diagnóstico da situação que requer uma tomada de decisão, passa pelo
desenvolvimento e avaliação de alternativas, pela seleção e implementação de
uma possibilidade de ação que responda à situação diagnosticada, e termina
apenas após a monitoração e o feedback da decisão tomada.
Identificação da situação:
Todas as decisões dependem da
correta identificação do problema ou da oportunidade à qual se pretende
responder. Cabe aos administradores avaliar o progresso da organização, bem
como monitorar as tendências do ambiente a seu redor, para conseguir
identificar as situações críticas que podem necessitar de uma decisão.
Análise e
diagnóstico da situação:
Os administradores devem
procurar ver a situação de diferentes perspectivas e desafiar os pressupostos
implícitos. Para isso, devem fazer uma série de questionamentos, tais como:
Ø Quais
indícios demonstram a existência do problema?
Ø O que
pode ter contribuído para o surgimento do problema?
Ø Quando,
onde e como ocorreu o problema?
Ø Quais
pessoas estão envolvidas? De que forma elas podem contribuir para solucionar a
situação?
Ø Como
se pode medir a magnitude do problema ou da oportunidade?
Ø Qual é
a urgência da decisão
Ø A
situação está isolada ou tem interconexões com outros eventos?
A discussão e partilha de
opiniões sobre a situação permitirá ao administrador enquadrar corretamente o
problema.
Desenvolvimento de
alternativas
Uma das principais
características exigidas para um administrador é a criatividade, o poder de
desenvolver ideias e encontrar boas alternativas para tomar decisões para a
organização. As boas alternativas devem apresentar as seguintes
características:
Ø Devem ser abrangentes, apresentar
várias alternativas realmente diferenciadas.
Ø Devem ser genuínas e
representar uma verdadeira alternativa.
Ø Devem ser exequíveis, bem
como ser possíveis de implementar com os recursos e as capacidades da
organização.
Ø Devem ser numerosas suficientemente
para representar uma escolha verdadeira, mas não excessivas, para não
dificultar sua avaliação e escolha.
Avaliação de Alternativas
O processo de avaliação está
centrado na identificação dos principais impactos de cada alternativa na
organização. A fim de permitir a seleção da melhor.
Seleção e
implementação da melhor alternativa
O administrador deve escolher
aquela que melhor se adapte aos objetivos e valores da organização e que
permita resolver o problema ou aproveitar a oportunidade que estiver na origem
da decisão. Na maioria das decisões organizacionais, o sucesso de sua
implementação depende da capacidade do administrador em comunicar de maneira
eficaz a decisão aos envolvidos. Nessa comunicação, ele deve motivar e
persuadir os demais, informando-lhes sobre os méritos e vantagens de sua
escolha, ou seja, deverá demonstrar
compreensão, explicar as razões e
declarar suas expectativas. Se conseguir fazer tudo isso, as pessoas vão se
sentir comprometidas com a decisão, e sua implementação será facilitada.
Monitoração e Feedback
O tomador de decisão deve
monitorar a implementação da decisão e avaliar sua eficácia no alcance das
metas estabelecidas. A monitoração permite a coleta de informações e de
feedback sobre a decisão, o que possibilitará avaliar se uma nova decisão ou
alguma retificação serão necessárias. Para os administradores, a tomada de decisão
é um processo contínuo que sempre implicará novos problemas e oportunidades,
que, por sua vez, precisarão de novas decisões.
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Racionalidade
e intuição na tomada de decisão
O modelo racional de tomada de decisão
O modelo de tomada de decisão
racional tem a pretensão de descrever como as decisões devem ser tomadas, são:
Ø A
situação, seja problema ou oportunidade, é bem definida e está corretamente
formulada;
Ø As
metas e objetivos a alcançar são claros e conhecidos;
Ø Não há
restrições de tempo ou de recursos;
Ø Existe
informação precisa, mensurável e confiável sobre todas as alternativas e os
resultados potenciais de cada uma;
Ø Todos
os critérios e preferências para avaliar as alternativas são perfeitamente
identificados, permanecendo estáveis e constantes no tempo;
Ø O
tomador de decisão é racional; ele usa a lógica para avaliar e ordenar as
alternativas, escolhendo aquela que maximiza o alcance dos objetivos
estabelecidos.
O papel da intuição na tomada de decisão
Incapazes de analisar
problemas em toda sua complexidade, muitos executivos tomam decisões com base
na intuição.
A intuição desempenha papel
muito importante na toma de decisão, porém, confiar cegamente nos instintos
pode ser muito perigoso em determinadas situações. A intuição pode ser definida como o processo de interpretar e chegar
a conclusões sobre uma situação, sem recorrer a um pensamento consciente.
Um processo de tomada de
decisão inteligente geralmente requer a exploração de diversas alternativas.
Isso é difícil quando a intuição dá a resposta correta sem esforço. De fato,
quanto mais complexa e diferente for a situação, menos um executivo deverá
confiar na intuição e mais na razão e na análise.
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Estilos
de toma de decisão
Existem diferenças individuais
na maneira como as pessoas percebem os problemas e as oportunidades, processam
a informação disponível, geram alternativas e escolhem a solução que consideram
mais adequada para alcançar os objetivos da organização.
Tipologia de
estilos de tomada de decisão
Alan Rowe em conjunto com
outros pesquisadores desenvolveu um modelo que define uma tipologia de estilos
de tomada de decisão. O modelo de Rowe assume que os tomadores de decisão
diferem em duas dimensões. A primeira mede a orientação para a tarefa (foco no desempenho) ou para as pessoas (foco nas relações
interpessoais). A segunda dimensão, a complexidade
cognitiva, é usada para descrever o grau de tolerância que as pessoas
demonstram com a ambiguidade no processo de toma de decisão. A combinação
dessas duas dimensões permite identificar quatro estilos de tomada de decisão:
diretivo, comportamental, analítico e conceitual.
Ø Estilo Diretivo: é
característico de pessoas orientadas para o desempenho e com baixa complexidade
cognitiva. Os administradores que adotam esse estilo de tomada de decisão são
lógicos, focados no curto prazo e eficientes.
Ø Estilo Comportamental:
representa uma forma de tomar decisão na qual a principal preocupação é o
bem-estar das pessoas. Os administradores que adotam esse estilo são abertos e
comunicativos, procurando entender os impactos que as decisões têm nas pessoas
com quem trabalham.
Ø Estilo Analítico:
representativo de pessoas orientadas para tarefas e com elevada complexidade
cognitiva. Os administradores que privilegiam esse estilo de tomada de decisão
são, normalmente, autocráticos e tomam decisões técnicas e racionais com base
em dados objetivos.
Ø Estilo Conceitual: é
característico de pessoas que tomas decisões socialmente orientadas e para
quais consideram grande quantidade de informação. Os administradores que usam
esse estilo são participativos e criativos, e suas decisões são focadas no
longo prazo.
Raramente um administrador
adota um único estilo de tomada de decisão. De modo geral, todos possuem um
estilo dominante, mas frequentemente utilizam outros estilos nas decisões que
tomam diariamente.
Estilos de tomada
de decisão e o nível organizacional
Todos os administradores tomam
decisões, porém a maioria como os executivos abordam o processo decisório muda
de acordo com o nível organizacional ocupado. Enquanto os supervisores estão
mais preocupados com a execução e a coordenação das atividades operacionais, os
executivos do topo estão mais focados na organização como um todo.
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A
tomada de decisão organizacional
A grande maioria das decisões
organizacionais é tomada por grupos de trabalho. De fato, as principais
decisões na vida das organizações são tomas em reuniões de diretoria, comitês,
equipes etc.
A tomada de decisão
em grupo
A tomada de decisão em grupo
tem uma dinâmica diferente da individual. As pessoas precisam discutir suas
ideais, procurar consensos e fazer alianças e coalizões. Em alguns casos, será
mais apropriada uma decisão em grupo, enquanto em outros, uma decisão
individual será mais eficaz.
As principais vantagens que a
tomada de decisão em grupo tem sobre as decisões individuais:
Ø Vantagens:
maior qualidade e precisão, maior partilha de informação, maior diversidade,
mais alternativas, maior motivação das pessoas, aumento da aceitação, aumento a
legitimidade da decisão, maior e melhor controle sobre as ações subsequentes à
decisão.
Ø Desvantagens:
processo mais demorado, mais ineficiente, impasse prolongado. A tomada de
decisão em grupo tende a aumentar a pressão para aceitar os pontos de vista do
gripo. Muitas vezes, mesmo discordando do que está sendo discutido, as pessoas
conformam-se e não expõem uma opinião contrária para evitar confronto e
conflito. Também fazem com que as decisões de grupo sejam, de modo geral, menos
criativas e ousadas.
Autor: Diego de Nunes - Faculdade Dom Bosco
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